quarta-feira, 8 de abril de 2020


Spotify playlist - do bom português

Tenho guardadas em notas espalhadas mensagens esquecidas que nunca te enviarei. Falta a coragem de te escrever e, no entanto, todos os dias escrevo-te sem que o saibas. Por não estar em mim deixei de estar em nós, agora existimos e o que tivemos já não o é mais. És a banda sonora dos meus dias e as palavras que mantenho escondidas serão inteiramente tuas quando mas quiseres ouvir. "Desculpa se só te digo isto agora, tive medo que fosses embora.". Sei de cor muito do que és e tenho o suficiente para te amar. És dona de ti e o mundo quer-te exactamente assim. Deixa-me abraçar-te nuamente uma última vez sem razões nem porquês.
"O mundo é cheio de distância. A abundância de extremos afasta a integridade do que é só. Noções de espaço e tempo são relativas, incertas, ilusões. Há nada e há tudo e nada é tudo, porque tudo o que se sabe é nada e é tanto. Imaginando-se o que se conhece cá dentro, pouco há que se conheça."

Comecei esta linha de pensamento há exactamente dois anos e, apesar de não saber como iria acabar, a incerteza traz-me, de certa forma, paz de espírito. A distância em tempo e espaço do agora ao momento passado realça a diferença inevitável do ser comparativamente a si próprio. Eu, num corpo diferente que é o mesmo. Numa realidade diferente que se mantém por ser minha. Passaram dois anos e o mundo continua cheio de distância.