sábado, 19 de março de 2016

São altas horas da noite e continuo sentada na cama, embrulhada em mantas, a ouvir a chuva a cair na varanda. Estamos em março e parece o primeiro dia de inverno. Lembro-me de todas as conversas longas que tivemos em tempos e sinto-me vulnerável a sentimentos desta magnitude. Tento calar os pensamentos com uma ou duas músicas sussurradas para não acordar ninguém. Chove tanto. A luz dos candeeiros da rua espreita pelas persianas e admiro a dança da chama da vela que me faz companhia. Gosto do silêncio da noite interrompido pelas gotas de água fria que batem no telhado. Pode ser bem deprimente uma chuva destas passada a sós connosco mesmos. Começa a vir o sono sorrateiramente e encosta-se a mim devagar. Acomodo-me à almofada e puxo os lençóis até ao cimo da cabeça. Não há melhor canção de embalar que aquela que me vai adormecer. A pouco e pouco vou desligando as vozes na minha cabeça e o vazio volta a abundar. Daqui a pouco volta tudo ao mesmo, mal caia no sono e comece a sonhar. Continua a chover. Deixo a vela arder e rendo-me ao peso das pálpebras. Bons sonhos.

terça-feira, 15 de março de 2016

Andar de coração dado

As pessoas andam de mão dada e coração trancado. Nem conseguem imaginar o quão errado isso é. Entrelaçar os dedos fazemos todos os dias, nas nossas próprias mãos, nos sacos das compras, nos fios de cabelo emaranhado pelo vento, nas linhas de alinhavar, nas correntes de ar, nos dedos de outra mão. Isso pode ser saciante,  mas é insuficiente. Não basta andarmos de mão dada às pessoas, pois isso seria iguala-las a objectos sem vida. Disparate. Tudo muda a partir do momento em que se anda de coração dado a alguém. Ah, isso sim é correcto! Já experimentaram tal sensação gratificante? É como tocar com a pele e com a alma. Inexplicável. Só quem anda de coração dado sente explosivamente... o amor. Só os amantes da vida dão as mão sem esquecerem o coração. É um dois em um que devia ser obrigatoriamente inseparável, mas as pessoas esquecem-se do coração quando dão as mãos e fica só carne com carne. Impossível alguém se contentar totalmente com isso. "Sai à rua de coração dado e não te esqueças das mãos" - seria assim o acertado de se dizer.
Meu amor, vamos passear de coração dado pelas ruas da cidade.
Nunca, jamais em tempo algum desistas dos teus sonhos. Por mais caricatos, invulgares ou ingénuos que sejam. O mundo é uma máquina alimentada a sonhos. Traça, rabisca, risca e arrisca. Sê cuidadoso nos projectos que fazes pois na vida não nos é permitido fazê-los a lápis. Corre sem olhar o tempo e faz os impossíveis pelo que sonhas de olhos abertos. Quero lá eu saber dos "ses" das inseguranças de um resultado perfeito. Não busco essa coisa que não existe - perfeição. A verdadeira procura está no prazer que nos é proporcionado pelos nossos próprios sonhos, essa é sem a menor dúvida a única caça ao tesouro que tens de fazer enquanto vives. Pois, não há tesouro maior não é verdade? Dá prioridade ao que anseias de coração e entranhas. Deixa de lado o desnecessário ao teu sucesso pessoal e intimista e dá utilidade às asas da tua mente. Não penses sequer no medo que podes vir a ter no entretanto da jornada. Vai com medo, que se lixe. Desistir não está na lista de opções a fazer! Que adrenalina queres mais além da que te é dada pela corrida de resistência/obstáculos que tens de fazer para alcançares O sonho? Não esperes por milagres de finais felizes sentado no chão do quarto enquanto pensas no universo. Faz um favor a ti mesmo e ao mundo, não desistas dos teus sonhos, nunca!