sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Chega a tornar-se exaustivo
Pensar ao invés de viver,
Procurar o sentido do que não tem de ter
Sabendo que não o há.

Para quê a pergunta,
A dúvida, a intriga
Se nada deste mundo levamos
Além do que está.

É no olhar que existe a razão e
O coração somente serve de engano.
Pois desengane-se o meu
Que o olhar me basta.

Que sei eu de saudade ou falta
Se isto de agora não me falta
E o que é presente, por o ser,
Não causa saudade?

Há, contudo, uma miragem
Enganosa ao olhar,
Que se diz ser dono do que de real
Acontece em mim.

O pensar que se torna neblina
E mataforiza o concreto. O claro.
Dá nova tonalidade ao que cor própria tem
E faz crer haver coisa diferente.

Os sentidos que prevaleçam -
Mas a minha sorte não a dito -
E a prece que sempre faço
É a de amar como quem vive.