Não me conheceste na pior fase da minha vida. Já passei por ela e felizmente não estavas lá para ver. Por ela não, por uma delas. Sei que virão mais, como a que parece estar a começar agora, novamente. Lamento que tenhas de me ver no meu pior estado de sanidade mental. Não tens culpa, mas eu também não. Tiveste o azar de estar comigo agora, neste momento crítico e complicado. Estou em cacos e tentas concertar-me. É querido da tua parte. Sinto-me feliz por isso. Quando me conheceste, não era o que me tornei agora, nestes dias, tão repentinamente. Sou um emaranhado de sentimentos e os meus olhos enchem-se de um brilho de desespero a toda a hora. Não quero que penses que estou maluca. Pensa antes que estou em tempo de batalha. Talvez contra mim e, por isso mesmo, por não saber bem contra quem estou, não quero que lutes comigo. Preciso que tenhas paciência. Por vezes nem vais notar que estou num estado de depressão tremenda e num abismo infinitamente profundo. Vou-te parecer distante. O meu olhar vai muitas vezes parecer-te vazio, sem vida. Mas estou aqui, para ti. És tu que me dás força. Fazes-me manter a calma. Não te zangues por não te falar sobre isto, não estou habituada a fazê-lo. Um dia escrevo-te, se quiseres.
Espero que o que conheces de bom em mim te faça ficar até essa minha parte voltar. Espero que andes por aí, presente. Mas não espero que me esperes. Podes-te cansar e ir. Não vás! Sinto-me confusa, revoltada e com medo. Já senti tudo isto antes e sinceramente, sabia que ia voltar a acontecer. Só lamento que tenha sido agora que te conheci. Agora que estava feliz. Não é fácil, nem para mim, nem para ti. Dizes que não mas eu sei. Queres-me proteger de mim mesma mas eu estou a fazer o mesmo. Quero-te proteger de mim! Posso ser perigosa.
Dizes sempre que o tempo cura tudo, mais cedo ou mais tarde... Tento acreditar nessa tua esperança. Queres-me fazer sorrir porque dizes adorar o meu riso parvo. É tão difícil por dar esse lugar às lágrimas. Elas correm-me pela cara, lentamente. Não gosto que me vejas assim e tapo a cara. Refugio-me nos teus braços e pronto, espero que tudo passe. Mas não passa... Só durante uns segundos é que esqueço uma ínfima parte do meu sofrimento.
Estou numa má fase, mas vai passar. Não prometo, só espero que passe.